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Entrevista | Leonel Pavan se diz disposto a disputar quarto mandato em Balneário Camboriú

Por: Marcos Schettini
27/02/2020 15:50
Fábio Queiroz/Agência AL

Vereador, três vezes prefeito de Balneário Camboriú, deputado estadual, deputado federal, senador, vice-governador e governador de Santa Catarina. Com 40 anos de vida pública, Leonel Arcângelo Pavan é um dos poucos quadros que exerceu tantos cargos eletivos na história catarinense.

Nascido no Rio Grande do Sul, criado em Ponte Serrada, no Oeste, e com décadas de história em Balneário Camboriú, Pavan disputou a última eleição em 2014, passou por problemas de saúde em 2018 e evitou ir à reeleição. Agora, vitaminado, o ex-governador organiza uma oposição ao atual prefeito Fabrício Oliveira e pode ser o nome do PSDB em outubro.

Em entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini, Leonel Pavan avaliou os governos de Bolsonaro e Carlos Moisés, falou sobre a crítica balneabilidade de Balneário Camboriú e disse que o eleitor vai estar vacina contra “ondas” em 2020. Confira:

Marcos Schettini: Passado um ano do governo de Jair Bolsonaro e Carlos Moisés, como o senhor vê os resultados de cada um?

Leonel Pavan: Bolsonaro tem credibilidade e apoio popular para realizar as reformas que a muito estamos esperando, precisa ter uma equipe mais afinada para evitar possíveis desgastes. Alguns já criaram as chamadas crises desnecessárias pela falta de experiência e decisões afoitas. O Governo Bolsonaro está evoluindo e deve evoluir ainda mais com os acertos na economia, sua avaliação vai melhorar ainda mais pela honradez de seu governo. Segundo as últimas pesquisas, os dados mostram aprovação de seu bom governo até aqui. O Governo do Moisés deu algumas respostas em economia, enxugamento da máquina, mas as realizações públicas em obras gerais, infraestrutura, educação, saúde, por exemplo, ainda são poucas. Precisa sair mais do Centro Administrativo e ir conhecer a realidade do Estado, como fazíamos no governo, se comunicar melhor com a sociedade é fundamental para qualquer gestor.


Schettini: Balneário Camboriú é uma cidade de turismo e cresce permanentemente. Como garantir balneabilidade?

Pavan: Os investimentos em saneamento básico e infraestrutura tem que acompanhar o crescimento. Era o que fazia com minha equipe nos meus três governos municipais. Tanto que entregamos a cidade com índices de saneamento superior a 90%. Hoje, proporcionalmente, Balneário Camboriú é a cidade que mais arrecada em Santa Catarina. Para garantir a balneabilidade é preciso continuar investindo pesado no saneamento, tanto do centro como nos bairros. Também, em parceria com a cidade vizinha, Camboriú, onde nasce o rio Camboriú, é preciso realizar um consórcio entre as duas cidades para garantir que as nascentes e efluentes do sistema de esgotos de ambas comunidades sejam tratados. Camboriú precisa ser mais respeitada pelo seu filho, pois dependemos muito da cidade mãe, entre elas a água.

Schettini: O problema de uma cidade turística é apenas balneabilidade?

Pavan: Fundamental priorizar este setor, mas não é só isso.Sempre tenho dito, desde meu primeiro governo municipal, de que uma cidade só é boa para o turista se for boa para quem nela mora. Por isso, os investimentos no social, na educação, na saúde, na infraestrutura, principalmente dos bairros, devem acompanhar os investimentos urbanísticos e de equipamentos turísticos. O povo precisa estar bem para gostar da sua cidade, para receber bem o turista. Essa é uma política mundial no setor. E foi assim que sempre fizemos em BC. Infelizmente, essa linha de trabalho parece ter cessado na cidade.

Schettini: Nas eleições de outubro, qual é o seu destino?

Pavan: Coloquei o meu nome à disposição do partido, o PSDB local, para uma pré-candidatura a prefeito ou colaborar no processo de sucessão municipal. Acho que a cidade está ficando estagnada, bem como a política de turismo local. Se acharem que eu possa ainda contribuir com minha experiência, estaremos à disposição, acima de tudo, porque amo Balneário Camboriú. Mas se a oposição ao atual governo encontrar uma outra alternativa eu estarei junto para ajudar a recuperar a ordem e progresso que conquistamos para nossa cidade.


Schettini: O que o eleitor vai levar em consideração nas próximas eleições?

Pavan: Creio que a experiência de gestor público municipal. Nestes últimos anos temos visto candidatos de ocasião, levados pelas chamadas “ondas” do momento. E as decepções não tardaram a acontecer. Gestão pública, assim como atuação no parlamento, é coisa muita séria e de responsabilidade. Acho que o eleitor, aos poucos, está ficando vacinado e não vai querer mais embarcar em aventuras eleitorais sem consistência.

Schettini: A reeleição é um direito ou uma conquista?

Pavan: Acho que é uma conquista, embora haja muitas controvérsias sobre o uso ou não da máquina pública pelo candidato a reeleição num cargo Executivo. Creio que é uma maneira de ser avaliado pela população sobre o merecimento de um outro mandato ou não, até porque há alguns projetos que precisam ter a continuidade de mais de quatro anos. Se o gestor municipal, por exemplo, for ruim, não há máquina pública que salve.

Schettini: A renovação em outubro próximo vai ser o fantasma que apareceu em 2018?

Pavan: Como disse na pergunta anterior sobre o eleitor e as próximas eleições, creio que será uma oportunidade de o eleitor reavaliar as escolhas por impulso, como ocorreu, por exemplo, em Balneário Camboriú, onde apostaram na chamada novas ideias e que de novo nada acontece. Poderemos ter uma renovação da renovação, ou seja, a volta de pessoas, gestores com mais experiência política e administrativa. Está na hora de exorcizar certos fantasmas.

Schettini: Coligações como Tríplice Aliança devem ser utilizadas para garantir a governabilidade?

Pavan: Teremos que analisar bem a legislação eleitoral neste sentido porque há mudanças nas coligações já para estas eleições municipais. Mas não vejo problemas na união de partidos em prol de suas cidades, desde que haja coerência e objetivos bem definidos.

Sob olhares dos deputados Gelson Merisio (presidente da Alesc) e Jailson Lima, Leonel Pavan toma posse como governador após Luiz Henrique da Silveira renunciar cargo, em 25 de março de 2010 (Foto: Jeferson Baldo/SAR)

Schettini: Se o senhor voltasse no tempo e fosse também ao futuro, o que faria diferente?

Pavan: Se voltasse no tempo, procuraria melhorar ainda mais aquilo que fiz de bom com trabalho em equipe e espírito público, ouvindo mais as pessoas, os contribuintes, os especialistas de cada área. Quanto ao futuro, ele chega a cada dia, temos que estar cada vez mais preparados em pensar para o futuro, o gestor público tem a obrigação de planejar e executar com a mente no futuro. Sem falsa modéstia, digo que muita coisa no turismo e no desenvolvimento de Balneário Camboriú não estaria acontecendo hoje se não tivéssemos planejado, lá atrás, o futuro de hoje. Muitas vezes fomos até criticados por isso, mas os bons resultados aí estão.

Schettini: A corrupção e a sonegação são doenças públicas incuráveis?

Pavan: Não são, mas precisam ser atacadas de forma gradativa e permanente. Com leis severas e de rápida aplicação, garantindo também a transparência na aplicação dos recursos públicos à população. O contribuinte precisa saber que seus tributos estão sendo bem aplicados em obras e ações sociais relevantes, em melhoria da qualidade de vida. O exemplo sempre tem que vir de cima para desencorajar tanto a corrupção como a sonegação.


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